quarta-feira, 9 de julho de 2014

Queda de idosos


Com o aumento da longevidade da população, questões que envolvem os déficits funcionais de idosos são extremamente importantes. Diversas alterações físicas, como a diminuição da força muscular, elevam o risco de queda em idosos tornando esse um fator preocupante para a saúde pública, pois pode acarretar graves prejuízos funcionais para esses indivíduos. Além disso, a recuperação envolve custo elevado sem garantia de sucesso na retomada da marcha e da independência funcional. 
Costa et al. (2009) realizou um estudo com 26 idosos da comunidade com objetivo de melhorar o equilíbrio desses indivíduos, promover integração entre eles, melhorar a relação deles com a atividade física e, é claro, diminuir o risco de queda. Para isso, Costa et al. (2009) propôs um circuito de atividades bem simples que é resumido na imagem a seguir, retirada do próprio artigo. São 13 estações no circuito.

                                       Fonte: Costa et al. (2009)

Foram 24 semanas, com dois encontros por semana de 45 minutos cada. Além do circuito foi realizado alongamento prévio de 10 min, 30min no circuito e 5 min de volta a calma. As atividades ganharam incremento sempre que possível, aumentando o nível de dificuldade.
O resultado foi uma significativa diminuição do risco de queda segundo a EEB (Escala de Equilíbrio de Berg) pré e pós teste (p<0,05).

Bem simples e prático o estudo. Vale a pena dar uma olhada: 
http://www.efdeportes.com/efd135/exercicios-multisensoriais-em-idosos.htm

REFERÊNCIA:
COSTA, Juliana Nunes de Almeida; GONÇALVES, Carolina D’Umbra; RODRIGUES, Gisele Balbino Araujo; PAULA, Ana Patrícia de; PEREIRA, Márcio de Moura; Safons, Marisete Peralta. Exercícios multisensoriais no equilíbrio e na prevenção de quedas em idosos. Efdeportes.comRevista Digital, Buenos Aires, Año 14, Nº 135, Agosto de 2009.



domingo, 6 de julho de 2014

Intocáveis


Este semestre tive o imenso prazer de atender uma paciente deficiente visual. Ela desenvolveu retinopatia diabética em virtude do descontrole da patologia de base (Diabetes Mellitus). Descobri durante essa experiência a importância do fisioterapeuta para esses indivíduos. Realizei com ela muito treino de orientação espacial que baseava-se em orientação de direção e pontos de referência para os deslocamentos na rua e treino para orientação e mobilidade com dispositivo auxiliar (bastão de Hoover adaptado) para determinação de pontos de referência, familiarização com os ambientes, detecção e exploração de objetos, exploração da técnica do toque, localização de portas fechadas, linhas guias, proteção superior e cuidados básicos durante o trajeto.
Os ganhos em termos de mobilidade e qualidade de vida foram visíveis. A paciente, que antes não saía de casa sozinha, passou a visitar a melhor amiga sem ajuda de ninguém. Esse ganho corresponde a um trajeto de 100 metros cheio de obstáculos de forma independente. Durante todos os atendimentos a paciente foi estimulada a realizar caminhadas diárias para a manutenção de sua saúde e mobilidade. Espero que ela permaneça realizando as orientações do tratamento. 


O mais engraçado para mim foi a forma como eu consegui lidar com a limitação da minha paciente. Em alguns momentos eu simplesmente esquecia de sua deficiência (como na cena do filme Intocáveis em que o Driss, cuidador do Philippe, alcança o celular para que ele mesmo coloque na orelha esquecendo da tetraplegia). Eu eventualmente disponibilizava algum material para a paciente sem lembrar que ela não via onde o objeto estava. Falha? Não me senti errando, me senti muito bem. Me senti um ser humano cuidando de outro ser humano, sem nenhuma barreira entre nós. Essa falta de piedade em mim, essa confiança na capacidade da minha paciente e a minha entrega aos momentos em que passávamos juntas renderam bons frutos para o tratamento e lágrimas na despedida. "Eu amei que tu veio" foram as palavras da minha paciente no último dia. E eu? Eu também amei ter ido.